Número representa uma área equivalente a mais de 102 campos de futebol. Segundo a Kanindé, esse aumento traz sérias consequências para as comunidades indígenas. Invasão de garimpo ilegal aumenta na Terra Indígena Sete de Setembro em RO
A área devastada pelo garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, em Cacoal (RO), teve um aumento de 23.508 hectares em apenas nove meses. Os dados são do Núcleo de Geoprocessamento da Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), por meio de imagens geoespaciais.
A TI Sete de Setembro ocupa uma área de 248 mil hectares e é habitada por cerca de 1.600 indígenas. Em janeiro deste ano, a área explorada já somava por volta de 79.357 hectares. Já em outubro, esse número saltou para aproximadamente 102.865 hectares.
O número representa uma área equivalente a mais de 102 campos de futebol devastados pelo garimpo. Nas fotos obtidas através das Imagens Planet (NICFI) e do Google Earth, é possível ver a mudança no cenário de devastação em poucos meses. (Veja a foto abaixo).
Garimpo ilegal em 2024 na TI Sete de Setembro
Planet (NICFI)
Já nesta imagem, é possível identificar os locais que estão sendo devastados pelo garimpo ilegal. A linha verde delimita o território, e o ponto vermelho marca a área de garimpo. (Veja a foto abaixo).
Garimpo ilegal na TI Sete de Setembro em RO
Planet (NICFI)
Segundo a Kanindé, o aumento de áreas devastadas pelo garimpo traz sérias consequências para as comunidades indígenas e para o meio ambiente. O garimpo ameaça diretamente a saúde, a segurança alimentar e a cultura dos povos indígenas.
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Terra Indígena Sete de Setembro
A TI Sete de Setembro, que é habitada por indígenas Paiter Suruí, está localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso, em uma área de 248.146 hectares. O modo de vida tradicional do povo Suruí está ligado ao uso da floresta e às atividades extrativistas.
Os Suruí de Rondônia se autodenominam Paiter, que significa “gente de verdade, nós mesmos”. Eles falam uma língua que pertence ao grupo Tupi da família Mondé.
Os Paiter Suruí relatam que seus antepassados migraram das proximidades de Cuiabá para Rondônia durante o século XIX, fugindo da perseguição de ‘brancos’. Eles relatam que viveram em paz até a década de 60, quando os conflitos com os não indígenas retornaram.
Primeiro contato dos Paiter com não indígena – sertanista Francisco Meirelles
paitersurui.com/reprodução
No dia 7 de setembro de 1969, funcionários da Funai, incluindo o sertanista Francisco Meirelles, penduraram objetos em uma das aldeias para atrair pacificamente os Paiter Suruí, o que marcou o primeiro contato oficial do povo com os não indígenas.
Entre 1970 e 1974, os indígenas enfrentaram surtos de sarampo, gripe e tuberculose, que reduziu pela metade a população dos Suruí. Além disso, na mesma época, uma grande parte de seu território foi invadida por colonos que exploraram recursos naturais, como extração ilegal de madeira
A demarcação da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro ocorreu em 1976, e a posse permanente foi declarada em 1983, quando os Paiter Suruí puderam voltar a viver em seu território.
Modo de vida tradicional
O modo de vida tradicional do povo Suruí está ligado ao uso da floresta e às atividades extrativistas. Atualmente, parte deles trabalham com agricultura familiar e agroflorestal, sempre aliados à sustentabilidade.
Os frutos produzidos dentro da TI, além de gerarem renda, também contribuem para alimentação e manutenção da forma de vida desses povos. Além disso, cascos e partes de árvores se tornam matérias primas para a confecção de artesanatos, feito pelas mulheres das aldeias.
G1 Rondônia