Foram bloqueadas as entregas de 1.800 bombas de 907 kg e de 1.700 bombas de 226 kg, segundo funcionário do governo Biden ouvido por jornalistas em condição de anonimato. Casa fica destruída após ataque de Israel em Rafah
Mohammed Salem/Reuters
Os Estados Unidos interromperam na semana passada o envio de bombas a Israel depois que o país não apresentou resposta às “preocupações” de Washington sobre seus planos de invadir Rafah, no sul de Gaza, afirmou um funcionário de alto escalão americano.
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A informação foi publicada pela agência americana Associated Press e pela rede de TV dos EUA CNN.
“Na semana passada, detivemos um envio de armas: 1.800 bombas de 907 kg e 1.700 bombas de 226 kg”, disse a fonte da administração Biden, sob a condição de anonimato.
“Não tomamos uma decisão definitiva sobre como proceder com o envio”, acrescentou a fonte.
O governo Biden tomou a decisão no momento em que parecia que Israel estava prestes a iniciar uma grande operação terrestre em Rafah, à qual Washington expressou sua firme oposição.
Na segunda-feira (6), as Forças de Defesa de Israel (FDI) haviam ordenado que pessoas da região leste da cidade de Rafah deixassem suas casas. A evacuação dos refugiados fazia parte da “preparação para uma operação terrestre na região”, disse o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari.
Tanques israelenses tomam controle do lado palestino da travessia de Rafah
Reuters
O local é considerado o último refúgio para mais de 1 milhão de palestinos de todas as regiões da Faixa de Gaza que tiveram que abandonar suas casas e migrar para o sul por conta da guerra — a campanha militar israelense iniciou ataques ao norte do território e seguiu ao sul.
Israel afirma que Rafah, no extremo sul de Gaza, é o último bastião do Hamas e, portanto, o último front de batalha para completar sua guerra contra o grupo terrorista.
Nesta quarta-feira (8), o governo israelense disse que reabriu a passagem de Kerem Shalom para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. O Exército israelense havia fechado a passagem, que fica ao sul do território, no domingo (5) após um bombardeio do Hamas nas proximidades ter matado quatro soldados.
Após a liberação, caminhões de ajuda do Egito trazendo comida, água, medicamentos e outros insumos e equipamentos doados pela comunidade internacional estão chegado à região. O Ministério da Defesa de Israel afirma que todos os veículos estão passando por inspeções de segurança antes de cruzar a fronteira.
Não há informações sobre a travessia de Rafah, que foi bloqueada na terça-feira (7) por tanques israelenses.
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Porta de entrada de ajuda
Desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro de 2023, a cidade serviu como o principal ponto de comunicação de Gaza com o restante do mundo.
Rafah tem servido como a porta de entrada da maior parte da ajuda humanitária para os palestinos, e foi ponto saída dos estrangeiros que estavam em Gaza e recebiam autorização para deixar o território — além de reféns libertados pelo Hamas durante o cessar-fogo de novembro de 2023.
Com o avanço da guerra, Rafah começou a receber muitos refugiados e viu sua população explodir de cerca de 280 mil pessoas para 1,5 milhão, que se alocaram provisoriamente em tendas.
Proposta de cessar-fogo
O grupo terrorista Hamas afirmou na segunda-feira que aceitou uma proposta de cessar-fogo elaborada pelo Egito e Catar –os dois países trabalham na mediação do conflito.
De acordo com a agência Reuters, uma autoridade de Israel afirmou que os termos da proposta foram suavizados pelo Egito e que Tel Aviv não pode aceitá-lo. Ele disse que, aparentemente, o Hamas teria aceitado o cessar-fogo para que os israelenses sejam vistos como a parte que se recusa a chegar a um acordo.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel afirmou que o país está ainda estudando como vai responder à proposta, mas que por ora eles vão seguir operando na Faixa de Gaza.
Houve comemoração de palestinos em Rafah após a notícia sobre um possível cessar-fogo. Mas o gabinete de guerra de Israel não recuou em seus planos de bombardear a cidade, deslocar sua população e realizar uma incursão por terra.
O gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que a proposta do Egito e do Catar está “longe das demandas essenciais de Israel”, mas que mesmo assim enviará negociadores ao Cairo para continuar as conversas sobre um acordo de cessar-fogo.
G1 mundo