Levantamento meteorológico aponta a capital rondoniense está na região com maiores emissões de CO2 do Brasil. Imagens aéreas mostram a dimensão da “nuvem” de fumaça. Fumaça cobre céu de Porto Velho
Gladson Souza/Rede Amazônica
Porto Velho amanheceu coberto por fumaça nesta sexta-feira (2). Imagens aéreas feitas pela Rede Amazônica mostram a dimensão da “nuvem” de poluição causada pelas queimadas registradas na região.
O ar respirado pelos portovelhenses é o pior do país nesta sexta-feira, segundo a análise da IQAir, empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar. A capital rondoniense fica a frente de cidades como São Paulo (SP) e Manaus (AM).
Segundo medição realizada pela IQAir nesta sexta, entre às 8h e 9h (horário local), a capital rondoniense apresentou um Índice de Qualidade do Ar (IQA) de 272, classificado como “muito insalubre”. Quando maior o IAQ, mais poluído e danoso é o ar.
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Fumaça no céu de Porto Velho
Gladson Souza/Rede Amazônica
De acordo com os níveis indicados pelo sistema Purple Air, o número é alarmante, e coloca em risco a saúde de todos que tiverem 24 horas de exposição.
Imagens de satélite em tempo real, que detectam a presença de Monóxido de Carbono (CO) na atmosfera, mostram que Porto Velho está em uma região com maior concentração de CO do Brasil. O gás é gerado, principalmente, pelo uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). O mapa também mostra que grande parte do Estado de Rondônia é afetado pelo gás carbônico.
Imagem de satélite mostra concentração de CO
Windy/Mapa/Reprodução
Especialistas relacionam as novas frentes de desmatamento, avanço das pastagens no sul do Amazonas e as queimadas na região como os principais responsáveis pela péssima qualidade do ar. Um dos principais poluentes do ar na capital de Rondônia é o PM 2,5, uma partícula inalável ultrafina que é mais difícil de ser eliminada no organismo.
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O que dizem os especialistas
De acordo com o biólogo Paulo Bonavigo, Coordenador de Floresta e Comunidades da Ecoporé, as novas frentes de desmatamento e os avanços das pastagens no sul do Amazonas, presentes no modelo de desenvolvimento que vem sendo aplicado na região, estão ligados a esse efeito, que atrelado a seca extrema e às queimadas em épocas de estiagem, intensificam a presença de gases, como o CO2.
“Grande parte da emissão de gases do efeito estufa no Brasil é oriundo das queimadas. Isso contribui significativamente com as mudanças climáticas”, explica.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Artur Moret, explica que na Amazônia, as queimadas são responsáveis pelas maiores emissões de CO, CO2 e PM e que o desmatamento reduz a capacidade da floresta de absorver carbono.
Por isso, os piores índices de qualidade do ar ocorrem durante o verão amazônico (seca), quando há maior probabilidade de queimadas.
Consequências na saúde
A pneumologista Ana Carolina explica que a diminuição da umidade do ar e o aumento da concentração de partículas finas (PM 2,5) na atmosfera, devido à poluição e redução de chuvas, podem causar ou agravar diversas doenças respiratórias na população, as mais comuns são:
Asma;
Bronquite alérgica;
Doenças relacionadas ao cigarro;
Pneumonia;
Tuberculose;
Rinite e sinusite alérgica.
Também há o aumento de doenças infectocontagiosas, (viroses e gripes). Além disso, crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas são os grupos mais vulneráveis.
Dicas para enfrentar o tempo seco
Beba bastante água (cerca de dois litros por dia ou 10 copos de água de 200 ml). Ela hidrata todos os órgãos, inclusive pele e mucosa;
Umidifique o ar em casa. Você pode colocar uma bacia com água no ambiente ou uma toalha umedecida para minimizar os efeitos do ar seco, do ar poluído;
Lave os olhos com soro fisiológico ou com colírio de lágrima artificial;
Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira;
Evite praticar exercícios físicos das 11h às 17h;
Proteja-se ao máximo do sol e evite o ressecamento das mucosas e pele.



G1 Rondônia