Com a visita de Bolsonaro se aproximando, a expectativa é de que o ex-presidente intensifique suas críticas ao que ele considera um “aparelhamento” da justiça e do sistema político por parte da esquerda
Porto Velho, Rondônia- A campanha eleitoral de Porto Velho ganhou novos contornos nos últimos dias com a tentativa da candidata Euma Tourinho (MDB), ex-juíza e postulante à Prefeitura, de se desvincular da figura do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A movimentação ocorre em um momento sensível da disputa política local, já que Moraes é frequentemente criticado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o acusam de perseguição política e censura, principalmente no que tange à direita brasileira.
Recentemente, uma foto de Euma Tourinho ao lado de Alexandre de Moraes começou a circular nas redes sociais, gerando reações adversas entre os eleitores de Porto Velho, em especial os mais alinhados ao bolsonarismo. Ciente do impacto negativo que essa imagem poderia trazer à sua candidatura, Euma apressou-se a gravar um vídeo em que tenta minimizar sua relação com o ministro.
No vídeo, a ex-juíza afirmou que não mantém nenhum tipo de vínculo político com Moraes, renegando qualquer ligação que pudesse prejudicar sua campanha junto ao eleitorado mais conservador.
Essa estratégia de distanciamento ocorre em um contexto no qual Euma Tourinho enfrenta a aproximação da visita de Jair Bolsonaro a Porto Velho, prevista para o dia 26, quando o ex-presidente participará de um ato em apoio à candidatura de Mariana Carvalho, do União Brasil. Bolsonaro deve usar a ocasião para reforçar seu discurso contra o avanço camuflado da esquerda no cenário político local, alertando a população sobre os riscos de um candidato ou candidata ligada ao lulismo voltar ao poder na capital de Rondônia.
A postura de Euma em relação a Alexandre de Moraes se dá também em meio à sua complexa teia de alianças. Apesar de se afastar do ministro do STF, sua campanha é apoiada por figuras proeminentes do cenário político nacional ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT), como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, integrante do governo Lula, e o senador rondoniense Confúcio Moura, o único representante da bancada federal do estado que declarou apoio ao governo petista. Esse alinhamento, por si só, já é um desafio para a candidata, que tenta equilibrar os interesses de uma base eleitoral diversa e muitas vezes antagônica.
O temor de Euma Tourinho é compreensível diante da realidade eleitoral de Porto Velho. A cidade, de perfil majoritariamente conservador, já experimentou uma administração petista durante os dois mandatos de Roberto Sobrinho, que terminou afastado e preso por corrupção. Essa experiência política ainda é lembrada pelos eleitores, o que pode representar um obstáculo adicional para a ex-juíza, caso o eleitor a observe associada a figuras da esquerda nacional.
Com a visita de Bolsonaro se aproximando, a expectativa é de que o ex-presidente intensifique suas críticas ao que ele considera um “aparelhamento” da justiça e do sistema político por parte da esquerda, reforçando os ataques ao ministro Alexandre de Moraes e a figuras ligadas ao atual governo federal. Nesse cenário, o distanciamento de Euma Tourinho em relação ao magistrado pode ser visto como uma tentativa de mitigar os danos e preservar sua candidatura de uma possível associação negativa.
À medida que a corrida eleitoral avança, a candidata Euma Tourinho se vê desafiada a manter uma postura que a distancie de figuras polêmicas para o eleitorado conservador de Porto Velho, ao mesmo tempo que precisa equilibrar os apoios que recebe de setores da esquerda. Com a vinda de Bolsonaro à capital, a disputa pela Prefeitura deve ganhar novos contornos, e a habilidade dos padrinhos políticos da ex-juíza em manejar essas contradições será crucial para o desenrolar de sua campanha.
Fonte: Tudo Rondônia
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