Focos de queimadas registrados em Rondônia nos primeiros sete meses de 2024 são 183% maiores do que os detectados no mesmo período do ano anterior. Fogo avança pelo estado em um período de seca e estiagem extrema. Incêndio no Parque Guajará-Mirim, em Rondônia
Prevfogo/Divulgação
Em meio a um período de seca extrema, Rondônia bateu recordes de focos de queimadas: o mês de julho foi o pior em quase duas décadas. As informações são do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
🔎 Um foco precisa ter pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura para que os chamados “satélites de órbita” possam detectá-lo. No caso dos satélites geoestacionários, a frente de fogo precisa ter o dobro desse tamanho para ser localizada, segundo informações do Inpe.
Segundo os dados do BDQueimadas, julho foi o mês com maior número de queimadas de 2024 (até o momento) e também o pior se comparado com o mesmo período dos últimos 19 anos.
O mês também se destacou negativamente em relação à seca. O Rio Madeira bateu em julho uma sequência de recordes, com níveis mínimos históricos. Famílias ribeirinhas já sofrem com a falta de água e praias gigantes se formaram onde antes era possível enxergar somente água.
😷O cenário de seca e queimadas excessivas contribuem para colocar Porto Velho entre os piores índices de qualidade do ar do país. Especialistas relacionam as novas frentes de desmatamento, avanço das pastagens no sul do Amazonas e as queimadas na região como os principais responsáveis pela péssima qualidade do ar.
Seca do rio Madeira em 2024
Edson Gabriel
Contabilizando os sete primeiros meses de 2024, o estado de Rondônia registrou 2.082 focos de queimadas, o que corresponde a um aumento de 183% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 736 focos foram detectados.
Ainda de acordo com o Inpe, há mais de 10 anos Rondônia não registrava um crescimento tão considerável na quantidade queimadas entre janeiro e julho. Em 2024, os números atingiram níveis recordes.
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Focos por região
De acordo com a plataforma do Inpe, Porto Velho e Nova Mamoré são os municípios com as maiores concentrações de queimadas em Rondônia (até o dia 26 de julho).
Porto Velho: 265 focos;
Nova Mamoré: 191 focos;
A maioria dos registros em áreas rurais estão em regiões como:
Cadastro Ambiental Rural (CAR),
seguidos por Unidades de Conservação (UC) e
Terras Indígenas (TI).
Focos de queimadas por município de Rondônia em 2024
Programa Queimadas/Inpe
Nos estados que fazem parte da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão) foram registrados mais de 51 mil focos de queimadas entre 1° de janeiro a 31 de julho deste ano, ainda conforme dados do Inpe.
Poluição do ar
Especialistas explicam que uma das principais consequências das queimadas e do desmatamento na Amazônia é a poluição ar em Rondônia. Como exemplo, Porto Velho, que registrou pela segunda vez neste ano a pior qualidade do ar do Brasil.
De acordo com o professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Artur Moret, os principais vilões da poluição do ar são as queimas de combustíveis fósseis e biomassa (que geram CO, CO2 e material particulado), reações químicas (que produzem NOx e SOx) e a digestão de material orgânico (que libera CH4).
Na Amazônia, as queimadas são responsáveis pelas maiores emissões de CO, CO2 e PM. Além disso, o desmatamento reduz a capacidade da floresta de absorver carbono.
“Por isso, os piores índices de qualidade do ar ocorrem durante o verão amazônico (seca), quando há maior probabilidade de queimadas”, explica Artur.
Fumaça cobre céu de Porto Velho na última sexta-feira
Gladson Souza/Rede Amazônica
Um dos principais poluentes do ar na capital de Rondônia é o PM 2,5, uma partícula inalável ultrafina que é mais difícil de ser eliminada no organismo. As principais fontes desse material particulado são: queima de combustíveis fósseis, queima de biomassa vegetal, emissões de amônia na agricultura e emissões decorrentes de obras e pavimentação de vias.
Em 2022, por exemplo, Porto Velho foi classificado como o segundo município do país que mais emitiu gases do efeito estufa: os causadores do aquecimento global e que contribuem para a má qualidade do ar. Entre os maiores emissores, está o setor de “alterações de uso da terra”, que inclui o desmatamento e as queimadas.
Denuncie
Conforme a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), para realizar uma denúncia de queimadas na zona rural, é necessário entrar em contato com o órgão pelos seguintes meios de comunicação.
Telefone: 0800 666 1150
E-mail: ouvidoria@sedam.ro.gov.br
Plataforma: Fala.BR
WhatsApp da Ouvidoria Ambiental: (69) 98482-8690 (dúvidas e informações).
Já se os focos forem em áreas urbanas o morador deve entrar em contato com a Secretária Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) do município.
Em Porto Velho, a denúncia de queimadas pode ser feita por Whatsapp, através do número (69) 98423-4092. É importante que o morador envie o máximo de provas possíveis, como fotos, vídeos e localização correta para que a equipe chegue a tempo para o flagrante.
Em caso de incêndios, a população deve ligar para 193 (Corpo de Bombeiros).
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G1 Rondônia