Acesso ao ensino fundamental também diminuiu drasticamente, com 1,1 milhão a menos de meninos e meninas frequentando a escola, segundo a Unesco; controle do Afeganistão foi tomado há três anos. Meninas de até 12 anos frequentam seu último ano na escola no Afeganistão sob o regime do Talibã
DW/Reprodução
Ao menos 1,4 milhão de adolescentes afegãs foram banidas do ensino médio desde que os talibãs voltaram ao poder do Afeganistão, em 2021, e ameaça o futuro de uma geração, alertou a Unesco nesta quarta-feira (14), segundo a agência de notícias France Presse.
O acesso ao ensino fundamental também diminuiu drasticamente, com 1,1 milhão a menos de meninos e meninas frequentando a escola, ressaltou a agência da ONU.
“A Unesco está alarmada com as consequências prejudiciais dessa taxa crescente de abandono escolar, que poderia levar a um aumento do trabalho infantil e dos casamentos precoces”, apontou. “Em apenas três anos, as autoridades de fato quase eliminaram duas décadas de progresso constante no ensino do país, e o futuro de toda uma geração está ameaçado.”
Quase 2,5 milhões de meninas e adolescentes estão privadas do direito à educação, o que representa 80% das jovens em idade escolar, destacou a agência da ONU. O governo Talibã, que não é reconhecido por nenhum outro país, impôs restrições às mulheres que a ONU descreve como “apartheid (segregação) de gênero”.
Leia também:
‘Minha mãe me disfarçou de menino por 10 anos para eu poder viver livremente’
As afegãs que desafiam proibição do Talibã ao TikTok
‘Aqui é vida’: o relato da afegã que vive com a família em abrigo na Grande SP
Único país a proibir mulheres em universidades
O Afeganistão é o único país que impede meninas e mulheres de acessar os ensinos médio e universitário. “Como resultado das proibições impostas pelas autoridades de fato, pelo menos 1,4 milhão de adolescentes foram deliberadamente privadas do acesso ao ensino médio desde 2021”, ressaltou a Unesco.
O número representa um aumento de 300 mil desde a contagem feita pela agência em abril de 2023. A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, pediu que a comunidade internacional se mantenha mobilizada “para obter a reabertura incondicional de escolas e universidades para as meninas e mulheres afegãs”.
A matrícula no ensino superior também é motivo de preocupação, acrescenta o comunicado da Unesco, ressaltando que o número de estudantes universitários diminuiu 53% desde 2021.
“Como resultado, o país enfrentará rapidamente uma escassez de pessoas graduadas qualificadas para trabalhos mais especializados, o que agravará os problemas de desenvolvimento”, informou a Unesco.
G1 mundo