Localizada no extremo sul da Faixa de Gaza, Rafah foi de local de entrada de ajuda humanitária e saída de reféns no início da guerra entre Israel e Hamas. Com o avanço israelense no território, mais de 1 milhão de palestinos de outras áreas do país migraram para a cidade. A comunidade internacional alerta para desastre em incursão israelense em Rafah. Palestinos perto de imóvel atacado por forças de Israel na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 5 de maio de 2024
Hatem Khaled/Reuters
A cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, pode ser invadida por Israel nos próximos dias —as Forças de Defesa de Israel (FDI) pediram que pessoas da região leste do município deixassem suas casas na segunda-feira (6).
O local é considerado o último refúgio para mais de 1 milhão de palestinos de todas as regiões da Faixa de Gaza que tiveram que abandonar suas casas e migrar para o sul por conta da guerra –a campanha militar israelense iniciou ao norte do país e foi descendo.
Por outro lado, Israel afirma que Rafah, que faz fronteira com o Egito, é o último bastião do Hamas e, portanto, o último front de batalha para completar sua guerra contra o grupo terrorista.
Com a grande quantidade de refugiados que há no local, há uma preocupação da comunidade mundial pela segurança dos refugiados, com um possível desastre humanitário com mortes e o colapso do sistema de ajuda humanitária instalado na cidade diante da invasão, segundo a ONU.
Desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro de 2023, a cidade serviu como porta de entrada de ajuda humanitária para os palestinos de Gaza e como saída de estrangeiros que estavam em Gaza e recebiam autorização para deixar o território e de reféns libertados pelo Hamas durante o cessar-fogo em novembro de 2023.
Com o avanço da guerra, Rafah começou a receber muitos refugiados e viu sua população explodir de cerca de 280 mil pessoas para 1,5 milhão, que se alocaram provisoriamente em tendas. Veja na imagem abaixo o antes e depois da cidade.
Veja impacto do deslocamento da população da Faixa de Gaza para a cidade de Rafah, no Egito. A imagem da esquerda é de outubro de 2023 e a da direita é de janeiro de 2024.
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Caso aconteça, a invasão terrestre em Rafah ocorre em meio a negociações por um cessar-fogo na guerra. Após a falha das negociações no final de semana, o Hamas aceitou uma proposta feita pelos mediadores Egito e Catar, mas Israel não concordou com os termos. Uma comitiva israelense irá ao Egito para continuar as conversas nesta terça-feira (7).
Apesar das negociações pelo cessar-fogo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já disse que “vai invadir Rafah com ou sem acordo”.
Implicações humanitárias
Desde que foi anunciada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no início de fevereiro, a operação em Rafah tem sido criticada pela comunidade internacional devido às possíveis consequências humanitárias para os refugiados.
O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), alertou na última sexta-feira (3) que o ataque em Rafah “pode causar um massacre”.
Rafah é a última cidade em Gaza, então os refugiados no local estão encurralados pela fronteira, porque o Egito não autoriza a entrada de palestinos em seu território, a não ser em casos excepcionais.
O Hamas disse que uma ofensiva terrestre de Israel em Rafah poderia deixar “dezenas de milhares de mortos e feridos” na cidade.
Destruição em Rafah
Mohammed Salem/Reuters
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, é crítico da invasão a Rafah e é contra um deslocamento forçado em massa de pessoas, como o ordenado por Israel nesta segunda (6) –cerca de 100 mil refugiados devem deixar o leste de Rafah e ir para as cidades vizinhas de Al-Mawasi e Khan Younis, segundo a IDF.
“Estamos extremamente preocupados com o destino dos civis em Rafah. As pessoas precisam ser protegidas, mas também não queremos ver nenhum deslocamento forçado em massa de pessoas, o que é, por definição, contra a vontade delas. Não apoiaríamos de forma alguma o deslocamento forçado, que vai contra o direito internacional”, disse Dujarric.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, é contra a invasão de Rafah porque não foi apresentado um plano humanitário adequado e sem isso não apoiaria a atitude de Netanyahu.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também fez um apelo para que Israel desista de invadir Rafah porque isso “causaria mais mortes e sofrimento”.
Último refúgio do Hamas, segundo Israel
Benjamin Netanyahu acredita que uma operação militar em Gaza é necessária para a “vitória total” sobre o Hamas. Segundo autoridades israelenses, Rafah é o último esconderijo restante do grupo terrorista em Gaza.
Segundo os israelenses, dos 24 batalhões do Hamas, 18 foram destruídos até o momento — os restantes estariam em Rafah.
Netanyahu já disse ao presidente dos EUA, Joe Biden, seu maior aliado, que está “determinado a concluir a eliminação desses batalhões (do Hamas) em Rafah, e não há outra maneira de fazer isso a não ser entrando no terreno”.
Segundo o primeiro-ministro, sua principal meta é acabar com a capacidade de o grupo terrorista de realizar novos ataques após o atentado de 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos em Israel e levou o país declarar guerra contra o Hamas.
G1 mundo