Assessoria da ativista informou que Txai foi liberada após interseção da Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas Marina Silva. Txai Surui, ativista indígena do povo Paiter Surui é cercada por funcionários de segurança das Nações Unidas após protestar durante COP16, em Yumbo, Colômbia, em 30 de outubro de 2024.
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A ativista indígena de Rondônia Txai Suruí, foi detida na quarta-feira (30) por seguranças da Organização das Nações Unidas (ONU), durante um protesto na 16ª Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), em Yumbo na Colômbia. Txai protestava contra o Marco Temporal.
Vídeo gravado pelo manifestantes mostra o momento em que Txai é levada pelos seguranças durante a manifestação. De acordo com informações da assessoria da ativista, as credenciais de Txai foram retiradas dela na abordagem.
A assessoria confirmou que a Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, foi até o local em que Txai estava detida e intercedeu pela liberação da Indígena.
Durante a saída da COP 16, a equipe de reportagem da Rede Amazônia falou com a Ministra Marina, que disse que secretaria da ONU pediu desculpas pelo ocorrido e que a ação foi desproporcional.
“Uma jovem mulher fazendo uma manifestação com as mãos pintadas de sangue, não tinha nenhuma razão para que três policiais fortes, fizessem ali uma abordagem, digamos, bastante desproporcional. Mas acho que registramos, tanto eu quanto o embaixador, que foi uma atitude desproporcional e foi feito pedido de desculpa e de que essas coisas não vão se repetir, que os cuidados serão redobrados para poder fazer as avaliações de acordo com cada situação que se coloca”, Disse a Ministra Marina Silva.
Após a liberação, a ativista foi liberada e teve suas credenciais devolvidas.
Txai Surui, ativista indígena do povo Paiter Surui sai após sua credencial ser removida após protestar durante a 16ª Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), em Yumbo, Colômbia, em 30 de outubro de 2024.
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Nascida dos Povos Suruí em Rondônia, Walelasoetxeige Suruí (ou Txai Suruí) tem 24 anos e é filha de Almir Suruí, 47, uma das lideranças indígenas mais conhecidas por lutar contra o desmatamento na Amazônia.
A mãe dela é Ivaneide Bandeira (ou Neidinha, como é mais conhecida), indigenista e fundadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. Atualmente, a organização é coordenada por Txai.
Em 2023 , Txai Suruí foi eleita como uma das cem estrelas em ascensão pela revista “Time”.
O que é o marco temporal ?
Pelo trecho que volta a valer com a derrubada do veto, serão consideradas terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas aquelas que, na data da promulgação da Constituição (5 de outubro de 1988), eram simultaneamente:
habitadas pelo povo indígena em caráter permanente
utilizadas para suas atividades produtivas
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar
e necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições
A ausência de comprovação da presença da comunidade indígena em 5 de outubro de 1988 invalida o direito à demarcação da terra.
Uma exceção são os casos comprovados do chamado renitente esbulho — um conflito pela posse da terra, que pode ter sido iniciado no passado e persistente até 5 de outubro de 1988.
O Congresso também derrubou o veto ao dispositivo que abre brecha para o garimpo, instalação de equipamentos militares e expansão de malha viária sem consulta aos povos indígenas ou ao órgão indigenista federal competente.
Atualmente, a exploração em terras indígenas demarcadas só pode ocorrer após autorização do Congresso Nacional.
Também foi resgatado, com derrubada de veto, um trecho que permite aos povos indígenas firmar contrato para turismo nas áreas demarcadas.
Os parlamentares mantiveram, porém, os vetos do presidente Lula ao plantio de transgênicos em terras indígenas. Também foram mantidos vetos aos trechos que flexibilizavam o acesso a indígenas isolados.
*Reportagem em atualização
G1 Rondônia