Efeito Tyndall, que ocorre quando a luz é dispersada por partículas suspensas no ar. Nesta sexta-feira (6), a concentração de PM2,5 em Porto Velho é atualmente 40 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Professor ‘usa’ fumaça de queimadas para explicar fenômeno físico em Porto Velho
Um professor de Física de uma escola particular de Porto Velho usou a poluição do ar causada pelas queimadas na região para explicar um fenômeno físico: o efeito Tyndall, que ocorre quando a luz é dispersada por partículas suspensas no ar.
A explicação sobre o fenômeno surgiu por acaso, o professor dava uma aula sobre ametropia, que é um distúrbio visual.
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“Eu fui pegar o laser para explicar pra eles como é que a luz funciona atravessando os nossos olhos. Quando eu liguei o laser, uma aluna falou: ‘olha professor está dando até pra ver o trajeto da luz do laser'”, comentou o professor Ezequiel Júnior.
Segundo ele, em condições normais, esse trajeto não seria facilmente percebido. Porém, a poluição do ar em Porto Velho, causada pelas queimadas, tornou as partículas de fumaça visíveis à luz, facilitando a observação do fenômeno durante a aula.
Nesta sexta-feira (6), a concentração de PM2,5 em Porto Velho é atualmente 40 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar, de acordo com a plataforma de monitoramento suíça, a IQAir.
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“O efeito Tyndall permite visualizar o caminho da luz por conta das partículas coloidais, como as de fumaça. A poluição causada pelas queimadas na cidade possibilitou a demonstração do fenômeno”, explicou ao Ezequiel Júnior ao g1.
Professor ‘usa’ fumaça de queimadas para explicar fenômeno físico em Porto Velho
Redes Sociais/Reprodução
Para facilitar o entendimento, o professor comparou o fenômeno com a dispersão de aerossol: “se você usa um desodorante spray e ilumina o ar, consegue ver o trajeto da luz. Com a fumaça é a mesma coisa, pois as partículas são pequenas, mas grandes o suficiente para dispersar a luz”, explicou ele.
Durante a aula, o professor o falou que a visualização do efeito assustou a maioria dos alunos.
“A maioria ficou chocada ao perceber, de forma mais clara, o quanto a qualidade do nosso ar está precária”.
Pior ar do Brasil
Rondônia enfrenta queimadas excessivas e uma seca extrema. Pela primeira vez, desde que começou a ser monitorado em 1967, o rio Madeira ficou abaixo de um metro. Além disso, a quantidade de queimadas registradas entre 1º de janeiro e 5 de setembro é a maior dos últimos quatorze anos.
A estiagem também é uma realidade dura. A capital do estado, Porto Velho, está há mais de três meses sem chuvas significativas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Todo esse cenário coloca o estado, sobretudo Porto Velho, entre os piores índices de qualidade do ar do país. Há semanas consecutivas, a cidade amanhece encoberte por fumaça.



G1 Rondônia