Megaoperação foi realizada em 5 estados. Segundo a polícia, 22 mandados de prisão foram cumpridas e sete pessoas estão foragidas. Grupo é investigado há três anos e suspeito de praticar nove tipos de crime. Polícia prende integrantes de grupo de extermínio que atuava no Paraná
A RPC teve acesso a vídeos que mostram como o ‘grupo de extermínio’ alvo de megaoperação em cinco estados agia no Paraná. Segundo as investigações, o chefe da organização ordenava e acompanhava as execuções de dentro da Casa de Custódia de São José dos Pinhais. Veja na reportagem acima.
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Nas imagens, é possível ver mulheres que foram torturadas por integrantes da organização. A intenção deles era descobrir aonde elas teriam escondido drogas.
O grupo é suspeito de executar pelo menos 21 pessoas no período de 20 meses, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.
Os crimes, conforme a investigação, eram filmados e enviados ou transmitidos em tempo real por vídeo ao chefe do grupo.
Em uma das conversas acessadas pela RPC, o mandante é avisado pelo comparsa sobre uma das execuções e o orienta a esconder a arma do crime. Em seguida, o homem envia uma foto do corpo da vítima.
Conversa entre mandante do grupo de extermínio e comparsa
RPC
O chefe está preso desde 2021 por tráfico de drogas, homicídio e associação criminosa. Ele foi transferido na quarta (11) para um presídio federal de segurança máxima.
De acordo com o delegado Luís Gustavo Timossi, o homem teve acesso a um celular, por onde ele enviava ordens para os executores.
“Ele tinha acesso a um aparelho celular, de onde ele emitia as ordens para que pessoas fossem assassinadas na cidade de Ponta Grossa, mas também em outras cidades dos Campos Gerais. Mesmo preso, ele coordenava essas execuções, informando para essas pessoas onde deveriam buscar armamentos e a quem deveriam entregar”, diz.
O delegado ainda afirma que o Ministério Público obteve provas da corrupção de um monitor de ressocialização, servidor terceirizado do Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Depen), que receberia propina para conceder benefícios e outras facilidades aos investigados presos.
Segundo a Polícia Civil, 22 mandados de prisão foram cumpridos. Destes, 11 pessoas foram presas nesta quarta (11), inclusive o monitor, e outros 11 são de pessoas que já estavam detidas.
Ainda conforme a investigação, sete pessoas são consideradas foragidas e seis menores de idade foram identificados como parte do esquema criminoso.
Os nomes dos suspeitos não foram revelados. O g1 tenta identificar as defesas deles.
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Investigações e crimes
A organização é investigada há três anos e em três inquéritos diferentes. Dois instaurados pela Polícia Civil (PC), um com apoio da Polícia Penal, outro em conjunto com a Polícia Militar. O terceiro ficou sob comando do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).
A PC, através do setor de homicídios, ficou responsável pelas investigações relacionadas à atuação da milícia.
Com a Polícia Militar, a Civil também foi responsável pelas investigações das associações criminosas do grupo, visando a identificação de envolvidos com o tráfico de drogas e porte ilegal de armas de fogo.
Já o Gaeco, em nova fase da Operação Pax, fez as investigações relacionadas à atuação da organização criminosa, com enfoque na lavagem de dinheiro promovida pelo grupo, visando atacar as finanças da organização.
A suspeita é que o grupo tenha praticado nove tipos de crime. São eles:
Tortura;
Milícia;
Associação criminosa;
Corrupção de menores;
Tráfico de drogas;
Lavagem de capital
Posse e porte ilegal de armas;
Corrupção ativa e passiva;
Homicídio.
Uma das vítimas gravadas e torturadas por grupo criminoso
RPC
Além de Ponta Grossa, a megaoperação foi deflagrada em outras cidades do Paraná: Curitiba, Carambeí, Colombo, Imbituva, Ivaí, Piraquara e São José dos Pinhais. E também em mais quatro estados do Brasil:
Mato Grosso do Sul, em Campo Grande e Cassilândia;
Santa Catarina, em Florianópolis, Herval D´Oeste e Palhoça;
São Paulo, em Araçatuba, Birigüi e Sud Mennucci;
Rondônia, em Parecis.
Ao todo, a investigação apresentou 133 mandados de busca e apreensão, 67 medidas de sequestro de bens e valores e dois bloqueios de contas bancárias.
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Polícia Civil
Grupo estruturado
As investigações apontam que o grupo possuía diversos núcleos, segundo a Polícia Civil:
chefe, que estava preso e emitia ordens de execução de dentro da cadeia;
indivíduos associados, que se utilizavam da estrutura do bando para solicitar a prática de homicídios de rivais e desafetos;
responsável financeiro, a quem competia realizar os pagamentos aos executores;
grupo de apoio logístico, responsável por auxiliar no planejamento da fuga até o transporte dos criminosos;
setor com olheiros da milícia, responsável por realizar levantamento das residências dos alvos, bem como ocultar as armas de fogo após a prática dos homicídios, buscando evitar as prisões em flagrante;
núcleo de executores, formado principalmente, mas não só, por adolescentes, afirma a corporação.
“O uso de adolescentes visava, especialmente, à impunidade do grupo, em razão da previsão de penalidades mais brandas em razão da menoridade”, explica o delegado Nagib Nassif Palma.
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