Café foi preparado pela primeira mulher indígena barista do Brasil. Robusta Amazônico é reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Rondônia. Presidente Lula degusta café produzido dentro de Terra Indígena de RO
Dentro da Terra Indígena Sete de Setembro, na aldeia Lapetanha, em Cacoal (RO), o povo indígena Paiter Suruí produz um café especial: o robusta amazônico. Uma das atuantes na produção é Celesty Suruí, a primeira indígena barista do Brasil.
A bebida feita por Celesty Suruí, utilizando o grão especial do robusta amazônico moído na hora, foi provada pelo presidente Lula, nesta semana, durante uma exposição realizada em Brasília (DF) em comemoração ao aniversário da Embrapa.
O vídeo da degustação foi divulgado nas redes sociais oficiais do presidente. (Assista o vídeo acima)
Presidente Lula prova café produzido em Terra Indígena de RO
Redes Sociais/Reprodução
O que é o robusta amazônico?
O clima e o solo de Rondônia faz com que o café produzido no estado seja “arrobustado”, segundo a Embrapa. Os robustas amazônicos são resultado do cruzamento dos cafés Conilon e Robusta especialmente selecionados.
A produção do café rendeu para Rondônia a primeira Indicação Geográfica com Denominação de Origem (DO) para café canéfora sustentável reconhecidos pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A área de produção é classificada como “Matas de Rondônia”.
Café robusta amazônico produzido na Terra Indígena Sete de Setembro
Emily Costa/g1 RO
O relatório do Exame de Mérito do Inpi descreve o perfil sensorial do café como: doce, chocolate, amadeirado, frutado, especiaria, raiz e herbal. E para garantir o sabor especial, a barista aponta que precisa de um preparo:
“Tem que ser muito cuidadoso, tanto na temperatura da água, no grão e no ml da água que você vai estar usando para fazer o café”, explica.
A fama do café se espalhou pelo estado e este ano ele se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do estado, através de decreto.
Quem é Celeste Suruí?
Celesty Suruí
Redes Sociais/Reprodução
A indígena Celesty Suruí pertence ao povo Paiter Suruí e vive na aldeia Lapetanha, onde participa da produção do Robusta Amazônico. Aos 22 anos, ela carrega o título de primeira mulher indígena barista do Brasil.
A barista preparou e serviu para o presidente Lula um café com os grãos produzidos pelo seu povo.
Segundo a barista, a história do seu povo com o café vem desde o primeiro contato da etnia com pessoas não indígenas no ano de 1969, quando os colonos começaram a produzir café em terras indígenas. Depois que a terra foi demarcada, os invasores foram retirados e as plantações ficaram.
Como o café é produzido?
Em Rondônia, a 2ª bebida mais consumida do Brasil é fruto da agricultura familiar. Diversos produtores espalhados pelo estado viram no robusta amazônica uma oportunidade de produzir um café de qualidade e garantir premiações nacionais.
Dentro da Terra Indígena Sete de Setembro, indígenas utilizam os conhecimentos sobre a floresta e práticas sustentáveis para produzir café. São cerca de 3 mil hectares de plantação no sistema de agrofloresta: os cafezais dividem espaço com árvores nativas.
Cafezal dentro da Terra Indígena Sete de Setembro
Emily Costa/g1 RO
O modelo garante uma prática sustentável que permite que os produtores indígenas dispensem os agrotóxicos e o modelo de irrigação. A agrofloresta também foi uma medida fundamental para que o povo Paiter Suruí conseguisse reverter o desmatamento dentro da Terra Indígena.
São 150 famílias envolvidas no cultivo do café em 25 aldeias que ficam dentro da TI Sete de Setembro, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso.
Confira a entrevista completa da barista no programa “É de Casa”.
Leia também:
Como a agricultura familiar eleva a produção do café especial em Rondônia?
Entenda o que muda com a indicação geográfica conquistada por três produtos em Rondônia
Estudo comprova desmatamento zero em parte da região produtora de café de Rondônia; entenda
G1 Rondônia