Organização criminosa é suspeita de vender cerca de R$ 180 milhões em crédito de carbono em áreas na Amazônia Legal. Entenda o que é o crédito que surgiu como uma forma de compensar as emissões dos gases causadores do efeito estufa. Entenda o que é o crédito que surgiu como uma forma de compensar as emissões dos gases causadores do efeito estufa
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O que é o crédito de carbono?
Jornal Nacional/Reprodução
Uma organização criminosa é suspeita de vender cerca de R$ 180 milhões em crédito de carbono de áreas da União invadidas ilegalmente em Rondônia e outros cinco estados. Acontece que esse crédito surgiu como uma forma de compensar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pelo aquecimento global e eventos climáticos extremos.
De acordo com o biólogo da ONG Ecoporé, Paulo Bonavigo, o carbono é emitido na forma de dióxido de carbono (CO2), principalmente por veículos, desmatamento, queimadas, entre outras fontes. O crédito de carbono é um valor pago pela redução da emissão desse e de outros gases.
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Geralmente, cada unidade de crédito de carbono é igual a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou sua equivalência em outros gases de efeito estufa que deixaram de ser emitidos.
📝🌱Uma empresa que emite 100 toneladas de gases do efeito estufa pode, por exemplo, comprar 100 créditos como compensação.
O especialista explica que a venda ilegal de créditos de carbono, como a prática do grupo criminoso que é alvo da PF, pode ocorrer por meio da falsificação de documentos de auditorias e verificações, que são essenciais para verificar a autenticidade e a legitimidade dos créditos de carbono e projetos.
Como os créditos são gerados?
Segundo o biólogo, o crédito de carbono funciona como um mecanismo de transferência de recursos para enfrentar o aquecimento global e atingir as metas de reduções de emissões. Além disso, incentiva o investimentos de práticas sustentáveis.
“Os créditos são gerados a partir de diversos tipos de projetos que conseguem reduzir, evitar ou remover emissões de GEE da atmosfera, como os de energia renovável, gestão de resíduos sólidos, reflorestamento ou redução do desmatamento”, explica Paulo Bonavigo.
Após a realização de estudos e elaboração de um projeto, esses créditos são verificados e certificados por entidades independentes. Após o processo de auditoria, que verifica a documentação, estudos e metodologias utilizadas, os projetos começam a comercializar créditos nos mercados.
Nos últimos anos, os setores que mais têm contribuído com a geração de créditos de carbono no mercado voluntário são o de energia e o segmento conhecido como AFOLU (Agricultura, Floresta e Outros Usos do Solo).
Como são comprados e vendidos?
Segundo o biólogo, os créditos são vendidos de diferente maneira e depende do mercado no qual ele é negociado. Veja quais são e as diferenças:
Mercado regulado: Empresas e países compram créditos para cumprir com suas metas de redução de emissões estabelecidas por regulamentos nacionais ou internacionais. Nesse caso, o preço do crédito é definido pela instância reguladora.
Mercado voluntário: Empresas e indivíduos compram créditos para compensar suas emissões por responsabilidade social corporativa ou por compromissos ambientais, sem obrigações legais. Neste caso, o valor do crédito é negociado em contrato com base nas características do projeto.
A principal certificadora usada no mercado voluntário é a Verra, uma organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos responsável pela metodologia que calcula quantos créditos de carbono um determinado projeto pode gerar, a chamada Verified Carbon Standard (VCS).
O valor é determinado por diversos fatores incluindo a oferta e demanda no mercado, a qualidade do crédito (por exemplo, a robustez da metodologia de verificação), o tipo de projeto que gerou o crédito, a localização do projeto e as condições econômicas e políticas globais.
Oportunidade de emprego e renda
De acordo com Paulo Bonavigo, os investimentos nesses mercados podem gerar oportunidades de negócios e emprego. Além de promover o desenvolvimento socioambiental para as comunidades indígenas e populações tradicionais.
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Em 2013, por exemplo, os indígenas Paiter Suruí, que vivem na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, em Cacoal (RO), foi a primeira comunidade indígena do mundo a realizar a venda de créditos de carbono, por meio de um projeto de preservação ambiental desenvolvido dentro da TI.



G1 Rondônia