Edna Maria esteve próxima da filha desde o nascimento e a viu sair de casa para “ser independente”. O ninho vazio, descreve o período emocionalmente neutro na mudança de papel dos pais. Conheça a síndrome do ninho vazio
G1
Edna Maria se tornou mãe aos 28 anos e, desde então, sua sempre morou com a filha em Porto Velho. Mas em 2023 houve o momento inevitável que a maioria das mães enfrentam: a filha deixou seu lar para “ser independente”. Agora, aos 53 anos, a mãe teve que “reinventar” a maneira de viver.
“Quando Thais saiu de casa foi uma grande mudança na minha vida e na vida dela também. No início, fiquei apavorada com muita angústia. Mas ao mesmo tempo apoiando e ajudando. Afinal, ela estava feliz”, explica.
Mesmo sabendo que a filha estava há poucos quilômetros de distância, Edna se sentiu muito sozinha em casa nas primeiras semanas após a partida de Thais, principalmente à noite e nos finais de semana. A jovem sempre foi muito caseira e costumava fazer companhia à mãe nestes momentos.
Elizete Gonçalves, neuropsicóloga, psicoterapeuta do luto e educadora parental, explica que muitos pais, principalmente as mães, sentem esse desconforto emocional ao verem seus filhos deixando a casa. O ninho vazio, descreve o período emocionalmente neutro na mudança de papel dos pais.
Para a especialista, esse sofrimento psicológico surge quando os pais enfrentam a partida dos filhos de casa como perda ou separação e focam apenas na função ou utilidade que deixam de “ser” na vida dos filhos.
Ninho vazio
Ao ver seu ninho vazio, Edna resolveu então mudar a rotina e aderir novos hábitos. Começou a dedicar seu tempo a atividades físicas e o principal: aproveitar a própria companhia.
“Agora confesso que já superei essa fase. Quando bate a solidão procuro ler um livro, assistir um bom filme, acompanhado de um vinho. Assim o tempo vai passando e superando”, explica a mãe.
De acordo com a educadora parental, para outras mães, esse processo de “luto” pode ser acompanhado por alterações, como baixa autoestima, sensação de impotência, flutuações de peso e até mesmo pensamentos suicidas. Além disso, podem desenvolver quadros depressivos e correr riscos relacionados ao abuso de substâncias.
Como lidar com a partida?
Segundo a psicóloga, para lidar com a síndrome do ninho vazio o mais importante é aceitar o crescimento do filho e reconhecer que o momento de partida também é uma conquista, assim como:
Encontrar novas atividades para amar e investir tempo;
Fortalecer o relacionamento amoroso ou se permitir se relacionar novamente;
Praticar atividades físicas regularmente;
Viver novas experiências;
Investir no autoconhecimento.
Além disso, os pais, principalmente as mães que passam por esse processo, precisam voltar a olhar para si. Compreender que o papel materno e/ou paterno não está limitado à presença física dos filhos em casa, mas sim na qualidade da relação, no vínculo e no amor.
Morando sozinha há quase um ano, Edna aprendeu a desfrutar de sua própria companhia. Além disso, sempre que ela e sua filha têm a oportunidade, aproveitam para compartilhar momentos juntas. A mãe explicou que também decidiu fazer novos planos: viajar mais, sair e cuidar mais da saúde.
G1 Rondônia